15/11/2014

Cheesecake, torta de queso e por fim, o doce (de requeijão)

Mas de tudo o que vi
E mais grato guardei
No peito cá dentro
Foi o sorriso da moura
Que habita a janela em frente
(Tardes de Casablanca - Janita Salomé)

***

Conta-me uma história, é o que me pedes por vezes, mas para mim isso implica um pouco de solidão, um computador ou papel e uma caneta, mesmo que saia tudo duma vez. Não imagino uma história que não faça sentido(essas podem-se ler mas não escutar) ou que não acabe (isso seria meia história) e como tal fico nervoso e bloqueio. Posso fazer-te um doce?

Para isso também preciso de algum espaço para pensar e procurar, mas sei o que procuro. Pode ser coisa que me tenha aparecido à frente no dia anterior, ou no mês anterior e ficado num recanto à espera da sua oportunidade.
Ou então no momento em que encontro a receita, imagino os teus olhos fechados a saborear a primeira colher e tudo decorre daí ...

Desta vez sei o caminho que me trouxe até esta receita, que já foi testada e aprovada. Esse caminho tem três doces bons e por isso agora se conta.

Tudo começou numa sugestão do youtube(esse ser de mil cabeças) que entre outras coisas me dizia que visse o video do Troisgros a fazer um cheesecake.


Porque tinha leite condensado cozido, achei que poderias gostar e fui pesquisar a receita. Pelo caminho encontrei outro cheesecake parecido mas com uma base de bolachas Oreo, e foi por isso que juntei a base com a receita do video e fiz esse doce que correu muito bem e foi muito apreciado.
A base foi feita com bolachas oreo moídas (1 pacote pequeno),  misturadas com 3 colheres e sopa de manteiga derretida e depois com essa mistela forrei o fundo da tarteira. Como fiz pouca mistura usei uma folha de papel vegetal para tornar a base o mais fina que consegui, o que acabou por ser uma boa ideia. Para a parte principal, juntei na batedeira uma embalagem de queijo creme, outra de leite condensado cozido, 100ml de natas, 2 gemas, 1 clara, q1 colher de sopa com açúcar e raspa da meio limão.  Depois  de tudo batido, foi ao forno a 120º durante 1 hora.
Não fiz o molho de frutos vermelhos que indicam no video.

Contente com a obra, dediquei algum tempo a procurar outras tartes semelhantes.
Fui direito a um post no Mesa Marcada, intitulado Bye-bye Cheesecake, hola torta de queso! e porque fiquei curioso, acabei por fazer uma coisa parecida com uma queijada grande e sem a "casca", seguindo esta receita que encontrei no blog Be & Me Cuisine. Obrigado.


Ficou bom mas não me encheu as medidas, por isso procurei mais e como quem procura sempre alcança alguma coisa, acabei por ir parar onde não imaginara. Na página da Queijaria das Cachopas, há uma secção de receitas e de tudo o que vi e mais grato guardei foi ... a deliciosa e singela receita do doce de requeijão com amendoas. Mas há por lá mais coisas de valor a merecer atenções futuras.


Doce de Requeijão com Amêndoa

Ingredientes

  •  300g de açúcar
  •  2dl de água
  •  230g de requeijão
  •  60g de miolo de amêndoa
  •  5 gemas

Leva-se ao lume o açúcar com a água até obter ponto de cabelo, e junta-se o requeijão misturado com a amêndoa pelada e passada pela máquina. Ferve até engrossar.
Retira-se do lume e deixa-se arrefecer. Adicionam-se as gemas batidas e volta ao lume para cozer.
Depois de frio deita-se num prato de ir ao forno e vai a alourar.



Este doce é tão simples, que qualquer um o pode fazer e quanto melhor for o requeijão, melhor o resultado final como é bom de ver. Eu usei requeijão Travia e aproveitei o soro que o acompanha para fazer a calda de açúcar pedida na receita, que é a parte mais complicada, pois o resto é apenas o misturar dos ingredientes e levar ao forno durante uns minutos para tostar por cima.


Sem mais comentários que a alegria sentida ao provar a primeira colher (com algum receio de ter exagerado no tempo de grill), e de imediato a antecipar a tua aprovação que viria no mesmo dia, apenas um pouco mais tarde.

Tudo coisas boas, tudo coisas doces, tudo a chamar os sorrisos

06/11/2014

Açúcar em ponto - links

Dois links com informação sobre pontos de açúcar.

Sidul

Rar

...e para me lembrar de comprar um pesa-xaropes

05/11/2014

Todos os Santos gostam de broas

Não sei se é mesmo assim, como escrevi no título. Eu nem acredito nessa santidade ditada por decreto eclesiástico e assegurando  um lugar nesse tal post-mortem do qual ninguém sabe nada.
Mas isso não tem nada a ver com o assunto, pois estes Santos são outros. Pais, avós, tios,  amigos, gente boa de quem  sempre gostaremos e que nos fazem falta. Para mim a melhor forma de recordar a família, é pelas festas tradicionais e quase todas têm a sua comida e o seu cheiro.

As broas que na minha família materna se faziam e fazem, são a evocação do que nos une e o cheiro, uma mistura de azeite, café e canela traz à memória a imagem das reuniões em torno do meus avós, até porque, desde o primeiro dia de Novembro até aos Reis, havia sempre broas na mesa .

Entretanto descobri que na região de Torres Novas, existem outras famílias com receitas iguais ou muito parecidas. Que cada qual continue a fazer as suas, certo de que são as melhores e siga a tradição que faz parte de nós e é sempre melhor que qualquer festarola inventada longe do nosso coração.

Repito aqui a receita que em tempos inclui na minha antiga padaria e para ilustrar a rigor uma fotografia a fingir que é do tempo da minha avó.

As broas da minha avó Celeste

Para fazer as broas de café era preciso ter aqui a minha mãe, ou a avó Celeste, ou qualquer das suas filhas. Não tendo nenhuma delas resta a receita que é apenas uma descrição de ingredientes e gestos, com algumas medidas inexactas. Quem sabe, talvez resulte, a mim nunca me satisfez. Nunca (me) passaram do razoável.

Não há truques, mas suspeito que ficam melhores se forem feitas com café de cafeteira, sem filtros de quaisquer máquinas. Tentem e espero que agradem.

2,5 dl de azeite
1 colher de sobremesa com erva doce moída
1,5 colher de sobremesa com canela moída
1 pitada de sal
100 g mel
400g açucar amarelo
500ml café forte

Levar tudo isto ao lume para ferver. Tirar a panela do lume e então juntar 0,5k farinha. Misturar bem desfazendo os grumos que houver, levar de novo ao lume e mexer até se soltar das paredes e fazer bola.

Tirar do lume e deixar arrefecer a massa, para depois formar as broas. Estas podem ser redondas e depois apertam-se para fazer uns bicos. Espetar em cima de cada broa uma noz ou uma amêndoa, arrumar as broas num tabuleiro polvilhado de farinha e levar ao forno a 200º para secarem e assim ganharem mais consistência. Normalmente 15 minutos são suficientes mas podem ficar um pouco mais se se gosta delas rijas(eu gosto). Ao sair do forno passam-se por açúcar Melhoram com o passar do tempo.